Estão agora envergonhados, soltaram a besta neoliberal e o diabo era maior que o rabo
gritam em coro, errei erramos, contritos
pedem perdão mas não querem doação
(que atrapalha a economia)
nem ajuda federal (que afeta a eleição)
Também não querem culpados
(pois sabem que são os próprios).
Cada um deles é um, nunca um todo coletivo
e primeiro ele, primeiro ela, primeiro a filha,
o filho, a cadela, o passarinho
lá no fim os morredouros brasileiros
nada mais que forças de braços,
dor a gastar, lenha-energia, corpo a morrer
afogado, alagado, doente sem descanso
que alimenta a riqueza dos que querem mais e mais e mais e muito mais
um corpo é um corpo é uma cova rasa, é um número, é ninguém na conta dos ricos
e dos idiotas que ricos sonham ser.
O Rio Grande virou mar, não há sertão que nos valha. Porto Alegre ficou triste, rifaram nossa cidade. Entre o deus dos desgraçados e o diabo que os carregue, viro as costas, cuspo neles,
os machos que nos governam.
Poema de Malu Baumgarten 26/05/2024
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