“Grande Sertão – Veredas”, de Guimarães Rosa. Na história, o personagem Riobaldo desabafa: “eu careço de que o bom seja bom e o ruim seja ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o bonito fique bem apartado do feio, e a alegria fique longe da tristeza. Mas nesse mundo é tudo misturado”.
A Vida não permite apartar o bom do ruim, o bonito do feio, a alegria da tristeza. Na vida é tudo misturado mesmo. Os dias são assim, os anos são assim. Toda a vida, do nascimento à morte, é assim. A Vida é curiosa, severina e melindrosa. Díspare, amarga e doce. Severa mas aguerrida. Desafio e alento. Ruptura e ventura. Fastio e colheita. Diáspora e aurora. Separação e indulto. Violência e fiança. Vingança e perdão. Inadiável e finita. Assombro e construção.
Na Vida é tudo misturado mesmo, até os irmãos.
Irmãos desconhecidos ajudam, doam, remediam, animam, fortalecem, constroem, choram de amor, tristeza e compaixão. Caminham, alcançam, correm, levantam, transportam emoções, botes, barcos, lanchas, motos, carros e caminhões.
Guerras separam multidões. Enchentes compartilham os corações.
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