*Texto enviado no dia 19 de maio de 2024.
Sei que muitos não mudaram sua percepção de humanidade com a pandemia, mas creio que o fato de termos que nos distanciar pra não nos colocarmos em risco dificultou. Essa tragédia que estamos vivendo aqui no RS tem aproximado amigos e famílias que acolhem os seus e que têm a chance de encontros tão difíceis de serem vivenciados nesses dias acelerados. Abrigos que acolhem e estão cercados de solidariedade vinda de todo estado, do Brasil e do mundo. Crianças que estão em suas casas escrevendo cartinhas levando mensagens de afeto a crianças que perderam seus lares. Idosos contando suas histórias para as crianças, jogos, conversas, música, olho no olho, abraços, choro e histórias de dor e amor compartilhadas. Cozinhas comunitárias, restaurantes solidários, elaborando milhares de quentinhas, as pessoas que saem de suas casas com um café, um bolinho pra quem tá resgatando pessoas, animaizinhos…
Faço parte de um grupo de limpeza de imóveis de amigos ou conhecidos de amigos. Foi tão lindo limpar o apartamento da mãe de um amigo. Organizamos de forma a ficar limpíssimo e cheiroso. Ela merece um bom retorno. Cobertas e calçados foram divididos entre os voluntários pra lavar em suas casas. Nunca em tão pouco tempo vi tantos amigos. A agenda está disponível para o cuidado com o outro. A correria sempre deixava os encontros para quando as agendas coincidissem. Frente à tragédia, os horários se multiplicam. Entendemos o que nos une, o que dá sentido a existência.
No meio de tantos resgates, estaremos resgatando a nossa humanidade? É preciso esperançar.
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