Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Diário da Enchente

Inspirado no Diário da Pandemia – uma pessoa por dia, um dia de cada vez, iniciativa de Julia Dantas – o Diário da Enchente reúne relatos sobre a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul. Editado por Luís Felipe dos Santos (@lfds85) e Raphaela Flores (@rapha_donaflor). Foto: Isabelle Rieger.

Nó na garganta, por Ramiro Sanchez

2024.05.07 – Porto Alegre/RS/Brasil: Mãe e filho resgatados por voluntários em Eldorado do Sul, seguem em embarcação do Exército até a Usina do Gasômetro, uma das bases humanitárias na grande enchente de 2024. Foto: Ramiro Sanchez/@outroangulofoto

A água subiu pelas cidades mais rápido do que se imaginara. Locais importantes, estratégicos, tomados pelas chuvas que deságuam no Guaíba. A capital colapsou. Anos de omissão metropolitana fizeram das águas a via mais rápida entre uma cidade e outra. O desespero das pessoas ilhadas refletia na ansiedade, no nervosismo e na tensão de centenas de voluntários. Ainda eram poucos. Precisava-se de mais gente.

Havia angústia por não se conseguir salvar a todos de uma só vez. Havia choro de impotência. Socorrer moradores de uma rua inteira entre crianças e idosos é uma dolorosa cicatriz que cada um levará e a História atestará. Uma por uma, as pessoas iam sendo resgatadas. E mesmo o alívio das vidas agora estarem na segurança de um abraço, o nó na garganta ainda não se desfez. Vai demorar a desfazer.

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